

Um garoto milionário encontra outro garoto que se parece com ele, morando nas ruas, vestindo roupas sujas e esfarrapadas, e decide levá-lo para casa e apresentá-lo à mãe. Olha, mãe, ele é igualzinho a mim. Quando ela se vira e vê os dois juntos, cai de joelhos, chorando. Eu sabia! O que ela revela vai deixar você sem palavras. Mas como isso é possível? Você… você se parece comigo! Ashton exclamou, com a voz embargada de surpresa enquanto olhava para o garoto à sua frente. O jovem milionário piscou várias vezes, tentando acreditar no que estava vendo.
Lá, a poucos passos de distância, estava um garoto idêntico. Eles tinham os mesmos olhos azuis profundos, as mesmas feições delicadas, o mesmo tom dourado nos cabelos lisos. Por um momento, Ashton se perguntou se estava olhando para um espelho.
Mas não. Era real. O garoto parado à sua frente também o observava, paralisado, como se estivesse vendo um fantasma.
A semelhança era absurda, assustadora, inexplicável. No entanto, embora suas feições fossem idênticas, algo gritava a diferença entre eles. Ashton olhou mais atentamente para o garoto e notou as roupas sujas e rasgadas, o cabelo desgrenhado e a pele queimada pelo sol, marcada pela vida nas ruas.
O cheiro também era diferente. Enquanto o jovem milionário exalava um perfume importado, o rapaz à sua frente carregava o forte odor do abandono e da luta diária. Por alguns minutos, os dois se encararam, como se o tempo tivesse parado.
Então, cautelosamente, Ashton deu um passo à frente. O menino de rua instintivamente recuou um pouco, mas foi detido pela voz gentil do jovem milionário. Não precisa ter medo.
“Não vou te machucar”, disse Ashton, tentando transmitir confiança. O menino de rua permaneceu em silêncio por um momento. Seus olhos demonstravam desconfiança.
Ashton, curioso e gentil, perguntou: Qual é o seu nome? Por alguns segundos, a resposta não veio. Até que, com a voz rouca e baixa, o menino finalmente disse: Luke, meu nome é Luke. Um sorriso radiante se espalhou pelo rosto de Ashton.
Ele estendeu a mão, um gesto que carregava uma sinceridade rara. “Sou Ashton. Prazer em conhecê-lo, Luke”, disse ele, entusiasmado.
Luke olhou para a mão estendida, hesitante. Ninguém costumava cumprimentá-lo. Não era comum receber um sorriso, muito menos um gesto de amizade.
As crianças geralmente o evitavam, chamando-o de sujo e fedorento. Mas Ashton não parecia se importar com as roupas que vestia, nem com seu cheiro. Após um momento de surpresa, Luke também estendeu a mão, aceitando o cumprimento.
Ao sentir o aperto de mão, Ashton sentiu uma estranha sensação de familiaridade, como se aquele garoto fizesse parte de sua vida de uma forma inexplicável. Onde você mora?, perguntou Ashton, ansioso para saber mais. Luke abriu a boca para responder, mas não havia tempo.
Uma voz feminina, autoritária e preocupada, ecoou pela rua. Ashton, onde você está?, gritou Penelope, a mãe do menino. O pequeno milionário sorriu, animado.
“Vamos, Luke, minha mãe precisa te conhecer. Ela vai ficar chocada quando vir o quanto nos parecemos”, disse ele, virando-se para chamar Luke. Mas quando ouviu passos se aproximando, o menino de rua entrou em pânico.
Sem pensar, ele se virou e saiu correndo pela rua. “Espere, não vá!”, gritou Ashton, correndo alguns passos, mas era tarde demais. Luke desapareceu nos becos.
No instante seguinte, Penelope chegou, com o rosto marcado pela preocupação. Encontrou o filho na calçada, com os olhos fixos na direção em que Luke havia desaparecido. Meu Deus, Ashton, estive te procurando por toda parte, disse ela, sem fôlego.
Ashton se virou, com o coração ainda acelerado. “Só vim lá fora para tomar um ar, mãe”, respondeu ele, tentando explicar. “Você sabe que eu não gosto que você saia sozinha na rua”, repreendeu Penelope, ajeitando o casaquinho do filho.
Eu não fui para a rua. Fiquei aqui na calçada, garantiu o rapaz. Penélope respirou fundo, cedendo.
Tudo bem, mas vamos entrar. É hora de cortar o bolo e cantar parabéns. Seu pai está esperando.
Ashton fez uma careta. “Eu realmente preciso ir?”, perguntou, relutante. “Claro que sim, querida.”
“É o aniversário do seu pai”, respondeu Penelope, tentando sorrir. A verdade é que Ashton, apesar de muito jovem, já nutria sentimentos desfavoráveis em relação ao pai.
Um muro invisível existia entre eles, construído com base na desconfiança e na decepção. Mesmo assim, sem querer aborrecer a mãe, o menino a acompanhou de volta ao salão de festas, mas, antes de entrar, virou-se discretamente para a rua, procurando por qualquer sinal de Luke. Enquanto caminhavam, Penelope comentou: Havia mais alguém lá fora? Achei que ouvi você conversando com alguém antes de te encontrar.
Ashton abriu a boca para contar a ela sobre o encontro extraordinário, mas foi interrompido. “Finalmente, onde você estava?”, disse Afonso, o pai de Ashton, aparecendo diante deles com a testa franzida. O garotinho apenas abaixou a cabeça, engolindo a vontade de contar o que havia acontecido.
E assim, a festa continuou. Sorrisos forçados, aplausos automáticos, flashes de câmera. Ashton participava de tudo mecanicamente, mas sua mente estava distante, viajando de volta ao momento mágico em que conheceu Luke.
Aquele garoto tão parecido, mas tão diferente dele. Mais tarde, de volta à mansão, Ashton caminhou pelos corredores luxuosos até seu quarto. O cenário era o sonho de qualquer criança, com videogames, tablets e brinquedos espalhados por toda parte.
Ele desabou na cama macia, agarrando-se a um travesseiro e olhando para o teto, perdido em pensamentos. A imagem de Luke não saía da sua cabeça. Como alguém tão parecido com ele poderia existir? Onde ele morava? Por que suas roupas estavam tão sujas e rasgadas daquele jeito? Enquanto isso, a quilômetros de distância, Luke se encolhia em um pedaço de papelão na calçada fria de um beco.
Seus olhos estavam fixos no céu estrelado, mas sua mente estava presa naquele estranho encontro. Como poderia haver outro igual a ele? Um garoto que tinha tudo, enquanto ele não tinha nada. E, mesmo sem saber, os dois garotos compartilharam, daquele dia em diante, o mesmo pensamento.
Será que algum dia se veriam novamente? A noite desceu sobre a cidade, envolvendo cada rua, cada casa e cada alma em um manto frio e silencioso. Na luxuosa mansão onde Ashton morava com os pais, o silêncio era quebrado apenas pelos suspiros inquietos de Penelope enquanto ela se revirava na cama. Os cobertores se enroscavam em seus pés enquanto ela lutava contra um pesadelo que parecia mais real a cada segundo.
Deitada ao lado do marido, a empresária emitia murmúrios angustiados. Seu rosto, normalmente sereno, contorcia-se numa expressão de desespero. Afonso, incomodado com os movimentos constantes da esposa, abriu os olhos e soltou um suspiro impaciente.
Com pouca delicadeza, ele se virou e sacudiu os ombros dela. Acorde, Penélope, disse ele, irritado. A mulher abriu os olhos abruptamente, ofegante, e sentou-se na cama, com as mãos pressionadas contra o coração acelerado.
Não, não o leve! Meu filho! Ela gritou, a voz carregada do terror do pesadelo. Afonso se inclinou para frente e segurou suas mãos, tentando trazê-la de volta à realidade. Calma, querida, calma.
Ashton está bem. Ele está dormindo profundamente em seu quarto, afirmou, tentando soar convincente. Os olhos de Penelope buscavam desesperadamente algo que a prendesse à realidade.
Ela reconheceu o quarto iluminado pela luz suave do abajur, sentiu o toque do marido, ouviu o tique-taque distante do relógio na parede. Então, num sussurro trêmulo, murmurou: Era tudo um sonho.
Afonso, já acostumado a esses episódios, recostou-se na cabeceira da cama e observou-a, sabendo que o pesadelo não era novidade. Aguardou pacientemente enquanto ela passava as mãos pelo rosto, tentando afastar os resquícios de medo. O mesmo sonho de novo?, perguntou, num tom entre cansaço e resignação.
Penelope assentiu, com a voz embargada ao começar a contar. Eu estava no hospital. Estava prestes a dar à luz.
Minha barriga estava tão grande, Afonso, que parecia que ia explodir. Vi o primeiro bebê nascer. Segurei-o nos braços, senti seu calor.
Era o nosso Ashton, o nosso príncipe. Mas eu sabia que havia outro. Ela disse, com os olhos marejados de lágrimas.
Ela fechou os olhos por um instante, tentando conter as lágrimas que insistiam em cair. Mas quando o segundo nasceu, ela continuou, com a voz embargada, ele foi levado embora. Eu nem consegui vê-lo ou tocá-lo.
Eu o vi sendo carregado. O coração de Penélope apertou novamente, como se estivesse revivendo a dor daquele instante. Afonso suspirou, lutando para manter a calma.
Você precisa consultar um psiquiatra, Penelope. Isso não é normal. Você precisa de ajuda profissional para apagar esses sonhos da sua cabeça.
É o mesmo sonho todas as vezes. Meu amor, só tivemos um filho. Você só estava grávida do Ashton.
Eles não eram gêmeos, sugeriu ele, tentando parecer compreensivo. Penélope, no entanto, não respondeu imediatamente.
O olhar perdido dela cruzou o quarto enquanto a mente dele viajava para o passado. Ela se lembrava da gravidez como se fosse ontem. O tamanho exagerado da barriga com apenas seis meses.
As visitas constantes ao obstetra. Como ela comentou com o Afonso, cheia de esperança, que sentia dois corações batendo dentro dela. Eu tinha tanta certeza.
Ela murmurou, com a voz carregada de emoção. Certeza de que eram dois. Não era apenas um pressentimento.
Era como se eu já os conhecesse, mesmo antes de nascerem. Ela se viu novamente naquele consultório médico, ouvindo o ultrassonografista afirmar que havia apenas um bebê. Ela sentiu a decepção, mas também a descrença.
Até o dia do parto, ela esperava dois choros, dois corpinhos nos braços, mas só Ashton veio ao mundo. O presente a puxou de volta quando sentiu o toque de Afonso. Querida, vamos deixar isso para trás.
“Você vai procurar ajuda amanhã. Eu vou com você se quiser”, disse ele, tentando encerrar a conversa.
Penélope assentiu com um leve movimento de cabeça. Afonso apagou o abajur e deitou-se novamente, adormecendo em poucos minutos. Mas Penélope permaneceu acordada, olhando para o teto escuro.
Por que esses sonhos persistiam? Por que aquela dor, aquela sensação de perda, nunca a abandonava? Com os olhos ardendo de exaustão, ela prometeu a si mesma que, ao amanhecer, tentaria deixar o passado para trás de uma vez por todas e se preocuparia apenas com Ashton, seu filho e grande amor, o único que ela tinha. Na manhã seguinte, o sol nasceu timidamente, banhando o quarto com uma suave luz dourada. Cansada, mas determinada, Penélope levantou-se, vestida com sua elegância habitual, e beijou a testa do marido adormecido antes de descer para o café da manhã.
Com todos à mesa, ela perguntou: “Vou levar o Ashton para a escola e depois vou para a empresa. Você quer se juntar a mim?”, disse ela, ajeitando a bolsa enquanto Ashton terminava o café da manhã à mesa. Afonso, já vestido casualmente, sorriu, embora o sorriso não alcançasse seus olhos.
Chego mais tarde, querida. Preciso passar na casa da minha irmã primeiro. Ao ouvir isso, a expressão de Ashton escureceu imediatamente.
Uma carranca rápida e discreta traiu seu desconforto. Penélope, ocupada, não percebeu, mas Afonso viu e fingiu ignorar. Poucos minutos depois, mãe e filho partiram.
Assim que o som do carro se dissipou, Afonso tirou a máscara de serenidade. Seu rosto endureceu, assumindo uma expressão sombria e severa. Pegou o telefone com as mãos trêmulas, discou um número familiar e, quando a ligação foi atendida, falou em voz baixa, carregada de tensão.
Penelope tem tido esses sonhos com gêmeos cada vez com mais frequência. Temo que ela possa, de alguma forma, descobrir o que aconteceu no dia do nascimento de Ashton. Ele fez uma pausa, olhando ao redor como se temesse que alguém pudesse ouvi-lo, mesmo estando sozinho.
Estou indo para lá. Precisamos conversar. Preciso da sua ajuda para tirar essa história da cabeça dela antes que seja tarde demais.
Sem esperar resposta, desligou o telefone abruptamente. Afonso pegou as chaves do carro com movimentos rápidos e saiu pela porta da frente, com o coração acelerado e a mente em turbulência. O segredo que tanto lutara para enterrar parecia, aos poucos, emergir das profundezas e, se viesse à tona, tudo o que havia conquistado ruiria como um castelo de cartas.
Poucas horas depois, na escola de Ashton, enquanto o ambiente fervilhava com o ritmo de aprendizado, o jovem milionário se viu distante, perdido em pensamentos. Seu olhar vago fitava o quadro-negro, mas sua mente estava distante. A professora, percebendo sua distração, gentilmente chamou sua atenção.
Ashton, está tudo bem? Você parece distraído hoje. Ela disse, aproximando-se da mesa dele. O menino rapidamente olhou para cima e respondeu: Desculpe, professor.
“Não dormi bem ontem à noite”, disse ele, forçando um sorriso. A professora, que o conhecia bem como um dos melhores alunos da instituição, simplesmente assentiu, decidindo ignorar a falta de atenção. Ashton tentou se concentrar na aula, mas era como tentar segurar água nas mãos.
A imagem do dia anterior não parava de invadi-lo. O rosto do menino sujo, tão idêntico ao seu, não saía de seus pensamentos. Como poderia haver alguém tão parecido com ele? Quando o sinal do recreio tocou, o jovem milionário levantou-se rapidamente, quase atropelando os colegas.
Ele caminhava em direção ao pátio quando Hazel, sua colega de classe e melhor amiga, correu atrás dele. Ashton, espere, ela gritou, ofegante. O garoto parou e se virou para encarar o amigo.
Hazel olhou para ele preocupada. O que está acontecendo? Você está estranho hoje. Você nem falou comigo direito.
É por causa do que você viu seu pai fazendo?, perguntou ela, baixando a voz. Ashton olhou ao redor, certificando-se de que ninguém estava ouvindo. Pegou a mão da amiga e a puxou para um canto mais reservado do pátio.
Não se trata do meu pai, disse ele, olhando para o chão. É outra coisa. Algo que aconteceu ontem.
Algo bizarro. Os olhos de Hazel brilharam de curiosidade. O quê? Me conta, ela implorou, quase implorando.
Ashton respirou fundo e disse: “Vi um garoto que se parecia muito comigo”. Hazel franziu a testa. “Como um sósia?”. Isso é normal.
Minha mãe disse que todo mundo tem vários sósias no mundo. Pessoas que se parecem conosco. Ela disse, tentando entender.
Não, Hazel. Você não entende. Não era só parecido.
Era idêntico. Mesma altura. Mesmos olhos.
O mesmo cabelo. Até a voz era parecida. O menino explicou.
Os olhos da garota se arregalaram, intrigados. Só que ele estava todo sujo. Parecia que morava na rua.
Na verdade, não sei se ele morava na rua. Mas suas roupas estavam rasgadas. Ele era igualzinho a mim.
Mas era como se ele estivesse vivendo uma vida completamente diferente. Como um universo paralelo, sabe?, concluiu Ashton, ainda atordoado. Sua amiga cruzou os braços e abaixou a cabeça, pensativa.
Tem certeza? Exatamente iguais? Ela perguntou, tentando processar a informação. Ashton assentiu rapidamente. Tenho sim.
Com certeza. Ele era idêntico. E o que você fez?, perguntou Hazel, intrigada.
Ashton contou como encontrou o menino em frente ao salão de festas, como tentaram conversar e como Luke, assustado ao ouvir a voz de Penelope, fugiu antes que pudessem trocar muitas palavras. “Espere um segundo”, exclamou Hazel, juntando as peças. “Então você está me dizendo que pode ter um irmão gêmeo morando nas ruas?” Ashton coçou a cabeça, confuso.
Não sei. Minha mãe sempre disse que sou filha única. Mas é tudo muito estranho.
Juro que ele era idêntico a mim, Hazel. Ele admitiu. A garota, cheia de determinação, cruzou os braços.
Você precisa encontrar esse garoto de novo, Ashton. Descubra quem ele é. Ela disse com firmeza.
Ashton suspirou, derrotado. Mas como? Eu nem sei onde ele mora. Só sei o nome dele.
Luke. Hazel sorriu, sua mente já trabalhando a todo vapor. Por que você não volta para o lugar onde o encontrou? Talvez ele esteja por lá novamente.
Se ele é morador de rua, pode estar abrigado por perto. E mesmo que seja apenas um menino que se sujou, deve morar perto, sugeriu ela, animada.
Ashton pensou por um momento. É uma boa ideia. Mas como vou voltar para lá? Meus pais nunca me deixariam sair sozinha, especialmente para procurar um estranho, mesmo que fosse uma criança.
Ele disse, preocupado. Confessou também que havia pensado em contar à mãe sobre Luke, mas desistiu por medo de não ser levado a sério. Hazel sorriu ainda mais.
Deixa comigo. Faz o seguinte. Pede pra sua mãe te deixar passar a tarde na minha casa.
Então, daremos uma desculpa e meu motorista nos levará até lá. Theodore faz tudo o que eu peço. Ela riu, de um jeito travesso.
Ashton sentiu a esperança renascer dentro de si. Estendeu a mão ao amigo e sorriu. Combinado.
Enquanto isso, em outra parte da cidade, a realidade de Luke era bem diferente. O menino, com o estômago roncando de fome, vasculhava latas de lixo em busca de algo para comer. Virou uma, depois outra, e mais outra.
Tudo vazio, ou com restos que não podem ser aproveitados. Com um suspiro triste, Luke sentou-se na calçada, abraçando os joelhos para se proteger do frio daquela manhã. Sua mente voltou ao dia anterior.
Ele pensou nas latas de lixo do salão de festas, que deviam estar cheias de comida boa jogada fora. Pensou também no garoto que era igual a ele: Ashton.
“Eu deveria ter comido alguma coisa ontem”, murmurou para si mesmo, arrependido. Lembrava-se distintamente da voz feminina que o fizera sair correndo. Desde pequeno, aprendera a temer os adultos.
Ele sabia que, para crianças como ele, ser levado para um abrigo era pior do que viver nas ruas. Em um abrigo, ele perderia a liberdade e poderia ser maltratado, como já havia sido antes. Luke parou por um momento, refletindo sobre aquele encontro incomum.
Então, uma ideia surgiu em sua mente cansada. E se eu voltar para lá? Talvez ainda haja comida nas lixeiras, e talvez eu veja aquele garoto novamente, disse a si mesmo, com uma centelha de esperança. Levantando-se do chão, Luke cerrou os punhos e decidiu que voltaria para a rua onde ficava o salão de banquetes.
Algo dentro dele lhe dizia que o encontro não fora apenas uma coincidência. Algo estava prestes a acontecer. De volta à escola de Ashton, o jovem milionário observava ansiosamente o relógio afixado na parede da sala de aula.
Cada segundo parecia uma eternidade. Ele contava mentalmente o tempo até o meio-dia, o momento em que sairia da sala e embarcaria na missão que planejara com Hazel. O ponteiro finalmente chegou ao número doze e, assim que o sinal tocou, Ashton olhou para a amiga, trocando um sorriso cúmplice com ela.
Os dois se levantaram rapidamente e caminharam juntos em direção à porta. Antes de sair, o menino correu até a professora. “Prometo que estarei mais atento amanhã, professora”, disse ele com um sorriso sem graça.
A professora sorriu e assentiu compreensivamente. No portão da escola, Hazel avistou rapidamente o carro preto de Theodore, seu motorista particular, e correu em sua direção. Espere um pouco, Theodore.
Ashton vem à minha casa hoje. Ele só precisa avisar a mãe, disse ela, animada. O motorista, já acostumado aos pedidos incomuns da garota, sorriu e assentiu.
Hazel correu de volta para Ashton, que esperava a mãe chegar. No entanto, foi Afonso, o pai do menino, quem apareceu, acompanhado de Michelle, sua irmã. Ao vê-los, a expressão de Ashton escureceu automaticamente.
Algo dentro dele se agitava cada vez que via Afonso, e ainda mais quando Michelle estava por perto. Com um sorriso falso, Michelle se abaixou e abraçou Ashton com força. Sobrinho querido, senti tanto a sua falta.
Vim te buscar na escola hoje. Você está feliz?, ela disse com uma voz melosa. Ashton permaneceu rígido no abraço, sem retribuí-lo.
Afonso, por outro lado, foi direto e lacônico. Entra no carro, Ashton. Estou com pressa, ordenou, com a voz firme.
O menino respirou fundo, tentando manter a calma. “Eu não vou”, disse ele, encarando o pai com coragem. A expressão de Afonso se contraiu ainda mais.
Ele cruzou os braços e levantou a voz. Como assim, você não vai? Sua mãe está em uma reunião importante e eu vim te buscar. Vamos agora.
Mexa-se. Entre no carro. Percebendo que a situação poderia sair do controle e colocar o plano em risco, Hazel interveio rapidamente.
Não é bem assim, Sr. Afonso, disse ela, sorrindo educadamente. Ashton só queria dizer que vai almoçar na minha casa hoje. Temos um projeto escolar para fazermos juntos.
O rapaz concordou rapidamente. É isso mesmo, pai. Afonso olhou para a moça com desdém, claramente desconfiado.
Ele voltou o olhar para o filho e disse: “Não sei. Sua mãe me pediu para levá-lo direto para casa.” Ele fez uma pausa e cruzou os braços.
E outra coisa, eu não gosto dessa amizade que você tem com aquela garota. Você deveria fazer amizade com garotos, jogar futebol, fazer coisas de garoto. Você está sempre na casa daquela garota.
Ashton baixou os olhos, envergonhado. Antes que qualquer resposta pudesse ser dada, Michelle colocou a mão no ombro de Afonso e falou com um sorriso forçado. Pare de ser tão rude, Afonso.
Deixe o menino ir. Qual o problema? Além disso, eles vão trabalhar em um projeto da escola. É melhor deixá-lo ir.
Penelope valoriza os estudos de Ashton mais do que qualquer outra coisa. Afonso bufou, derrotado. Tudo bem, disse ele, relutante.
A que horas devo te buscar?, Hazel, sempre rápida, respondeu antes que Ashton pudesse abrir a boca. Não precisa se preocupar. Assim que terminarmos o trabalho, Theodore levará Ashton para casa.
Afonso assentiu lentamente, ainda contrariado. Abaixou-se para abraçar o filho, mas Ashton apenas lhe deu um abraço rápido e sem entusiasmo. Depois, correu em direção ao carro de Theodore, onde Hazel já o esperava.
De longe, Afonso observou os dois entrarem no carro, com o rosto cheio de desaprovação. “Eu não gosto dessa amizade, Michelle. Quando eu tinha a idade dele, só me importava em jogar futebol com os meninos”, comentou, balançando a cabeça.
Michelle riu alto e disse: “Ah, Afonso, por favor. Preocupado com o que a criança está fazendo? Aposto que esses dois vão acabar namorando um dia. E veja o lado bom.”
A garota também é filha de milionários. Você deveria ser grata. Seria ruim se ele andasse com alguma pirralha da favela.
Ela piscou para ele, maliciosamente. Agora esquece. Vamos nos preocupar com o que realmente importa.
Penélope. Vou conversar com ela e tirar essa história dos filhos gêmeos da cabeça dela de uma vez por todas. Afinal, sou uma boa cunhada ou não?, disse ela, rindo.
Afonso se aproximou e disse: “Ótimo”. Entraram no carro e, antes de partir, Afonso comentou com um sorriso maroto: “Já que não vou levar o Ashton para casa, podemos aproveitar para nos divertir um pouco”.
Michelle se inclinou em sua direção e, com um olhar sedutor, respondeu: “Claro, meu amor”. Eles se beijaram, deixando claro que seu vínculo de fraternidade não passava de fachada.
Enquanto isso, no carro de Theodore, Hazel e Ashton trocavam olhares animados. O motorista seguiu o caminho de sempre até que Hazel se inclinou para a frente e disse: “Theodore, você poderia mudar o caminho? Por favor, nos leve ao salão de festas do Distrito Peach”. O motorista olhou pelo retrovisor, confuso.
Seus pais me disseram para te levar para casa, Hazel, e você tem uma amiga com você. A menina sorriu com seu jeito persuasivo. Por favor, Theodore, eu só quero passar no salão para perguntar sobre a data da minha festa de 13 anos.
Meus pais andam tão ocupados ultimamente e eu adoraria que fosse lá. Você não tem ideia de como esse lugar é popular. Ashton olhou para ela com admiração, impressionado com a inteligência do amigo.
Theodore suspirou, derrotado pelo charme da garota. Tudo bem, mas sem gracinhas. Se eu perder o emprego, a culpa será sua, disse ele, fingindo estar bravo.
Hazel riu e respondeu. Você é o melhor motorista do mundo, Theodore. Ashton sorriu, aliviado.
Mas antes de continuarmos e descobrirmos se Ashton vai se reunir com Luke e qual é a verdadeira relação deles, ajude nosso canal clicando em “curtir”. E me diga, você gostaria de ter um irmão gêmeo? E se tivesse, você trocaria de lugar com ele ou ela para pregar uma peça em alguém? Além disso, me diga de que cidade você está assistindo a este vídeo para que eu possa deixar um coração no seu comentário. Agora, voltando à nossa história.
Penelope estava em seu escritório, imersa em uma pilha de papéis e documentos. Seu foco estava inteiramente em programar todas as atividades da semana, organizar reuniões, avaliar propostas e planejar o lançamento de novos produtos para sua rede de cosméticos. Enquanto folheava algumas pastas, ouviu leves batidas na porta.
Entre, disse ela, sem tirar os olhos dos documentos. A porta se abriu e Afonso apareceu com um sorriso despreocupado no rosto. Penélope se levantou imediatamente, e sua expressão se suavizou um pouco ao vê-lo.
“Oi, querido”, disse ela, caminhando até ele. “Você foi buscar o Ashton na escola? Você o levou para casa?” Afonso manteve o sorriso no rosto e respondeu: “Ashton foi para a casa de um amigo. Aquela garota, a Hazel, ele disse que eles tinham lição de casa para fazer.”
Penelope franziu a testa, surpresa. Que estranho. Não me lembro dele ter mencionado nada sobre trabalhos escolares, comentou ela, pensativa.
Então ela balançou a cabeça e sorriu. Mas tudo bem. Eu gosto da Hazel e da família dela.
Em seguida, o marido travesso mudou rapidamente de assunto. “Trouxe uma surpresa para você”, disse ele, animado. “Uma surpresa?”, perguntou Penélope, curiosa.
Antes que ela pudesse sequer pensar em qualquer possibilidade, Michelle apareceu na porta, radiante. Surpresa, exclamou ela, abrindo bem os braços. Minha querida cunhada.
Penélope caminhou até ela e a abraçou calorosamente, completamente alheia ao fato de que Michelle não era irmã de Afonso, mas sim sua amante. “Que bom te ver, Michelle”, disse Penélope com sinceridade. Michelle sorriu e, sem perder tempo, começou a falar.
O Afonso me contou que você anda tendo uns probleminhas. Sonhos estranhos, né? Penélope suspirou e assentiu em confirmação. É por isso que estou aqui, disse Michelle, entusiasmada.
Você trabalha demais, mana, e isso está afetando sua mente. É por isso que hoje você está tirando o dia de folga. Vamos sair, relaxar, aproveitar a vida.
E para completar, marquei uma sessão de terapia com uma profissional maravilhosa. Você vai adorar. Penelope hesitou, olhando para a mesa abarrotada de documentos.
Ah, não sei. Tenho tanto trabalho para fazer. Afonso se aproximou e a encorajou.
Esqueça isso hoje, querida. Eu cuido de tudo. Você merece um dia só para você.
Com uma mistura de suspiros e sorrisos, Penelope finalmente cedeu. Logo, ela saiu com Michelle, tentando relaxar enquanto a outra mulher despejava palavras suaves, porém manipuladoras, em seus ouvidos, tentando enterrar completamente quaisquer lembranças incômodas que a empresária tivesse sobre a sensação de que, no passado, ela estivera grávida de gêmeos. Enquanto isso, Ashton e Hazel estavam em sua aventura, procurando por Luke, o garoto com as mesmas feições do jovem rico.
Theodore estacionou o carro em frente ao grande salão de banquetes no Distrito Peach. Os pré-adolescentes saltaram rapidamente, com os olhos atentos, examinando cada esquina em busca de Luke. Mas a rua estava deserta.
Nenhum sinal do garoto. Ashton cruzou os braços e murmurou: Era de se esperar. Acho que ele não voltaria.
Hazel, tentando manter o entusiasmo, sorriu e disse: Calma, Ashton. Vamos tentar ganhar algum tempo. Vou entrar e fingir que quero informações sobre a minha festa de aniversário.
Ela entrou no salão enquanto Ashton ficou do lado de fora, com os olhos fixos em qualquer movimento. Hazel demorou alguns minutos, perguntando sobre as datas, fingindo interesse nos pacotes da festa. Lá fora, Ashton suspirou, olhando em todas as direções, sem sucesso.
O tempo passou e Luke desapareceu. Finalmente, a garota saiu do salão, vendo o desânimo no rosto da amiga. Vamos continuar tentando.
Nós o encontraremos eventualmente, disse ela, determinada. Eles caminharam de volta para o carro. Theodore, já inquieto, comentou: Por que demorou tanto? Hazel sorriu e respondeu: O salão de recepção é tão lindo que eu não queria ir embora.
Minha festa vai ser um conto de fadas, Theodore. O motorista riu e ligou o carro. Ele começou a dirigir lentamente pela rua tranquila.
Ashton encostou a cabeça na janela, desanimado. Seus olhos percorreram as calçadas quase automaticamente, sem esperança. Foi então que o viu.
É ele! exclamou Ashton, apontando para o fim da rua, onde um garoto revirava uma lata de lixo. Os olhos de Hazel se arregalaram. Theodore, pare o carro! Ela gritou.
O motorista freou bruscamente, assustado. O que está acontecendo?, perguntou, preocupado. Esqueci de perguntar algo sobre o meu grupo.
Hazel improvisou, abrindo a porta e puxando Ashton consigo. Theodore, atônito, observou os dois correndo pela calçada, mas não teve tempo de detê-los. De dentro do carro, ele observou, franzindo a testa ao perceber que eles não estavam voltando para o salão de recepção, mas sim em direção a um garoto sujo que vasculhava o lixo.
Ashton alcançou Luke e tocou seu ombro. Luke!, gritou ele, esperançoso. O garoto se virou, assustado.
Por um momento, seus olhos refletiram medo, mas ao reconhecer Ashton, um sorriso espontâneo se abriu em seu rosto. Hazel, vendo os dois lado a lado, levou a mão à boca, em choque. Meu Deus, vocês são idênticos.
Ela sussurrou. Ashton, tentando tranquilizar Luke, disse: Não precisa ter medo. Hazel é minha amiga.
Você pode confiar nela. Então o jovem milionário respirou fundo e perguntou: Por que você fugiu ontem? Luke, envergonhado, respondeu: Eu não gosto de adultos. Sempre que eles se aproximam, tentam me levar para algum abrigo.
Ashton assentiu, entendendo. Ele não queria assustá-lo. Onde você mora?, perguntou.
Luke deu de ombros. Na rua. Aquelas palavras atingiram profundamente o jovem milionário.
Hazel, ainda em choque, perguntou gentilmente: “Você não tem pais?”. Luke baixou o olhar, triste. “Não, eu fui encontrado em uma lata de lixo quando bebê. Fui criado por moradores de rua.”
Mas eles morreram. Estou sozinho desde então. O coração de Ashton doeu.
Ele olhou para Luke e sentiu uma conexão que ia muito além da semelhança física. Algo ali era mais forte. Sentaram-se na calçada, longe da agitação, tentando encontrar um momento de paz em meio ao turbilhão de emoções que sentiam.
Luke, com os olhos baixos e a voz embargada, começou a contar sua história. Falou das noites frias, de como teve que se proteger da chuva apenas com pedaços de papelão. Contou sobre os dias em que não conseguia encontrar nada para comer, as vezes em que se escondeu para não ser levado à força para abrigos onde sabia que sofreria ainda mais.
Ashton e Hazel, que vinham de realidades completamente diferentes, ouviam em silêncio, com o coração pesado. A dor era quase física. Eles sabiam que as pessoas passam por dificuldades.
Mas ver isso pessoalmente, bem na frente deles, uma criança como eles sofrendo tanto, foi de cortar o coração. Com lágrimas nos olhos, Ashton estendeu a mão e disse: Você não está mais sozinho, Luke. Nós vamos te ajudar.
Hazel se levantou rapidamente, animada, e acrescentou: “É isso mesmo. Você vem conosco. Vamos dar um jeito.”
Luke deu um leve sorriso, mas o olhar triste permaneceu. Ele sabia que aqueles dois eram apenas crianças, boas crianças, mas sem o poder de mudar as decisões dos adultos. Suspirando, ele disse: Vocês não podem fazer nada.
Minha vida está aqui e está tudo bem. Estou acostumado. O silêncio caiu sobre eles, quebrado apenas pelos sons distantes da cidade.
Hazel, sentindo a necessidade de fazer alguma coisa, estendeu a mão para tentar confortá-lo. E foi então que, através de um buraco na camisa rasgada de Luke, ela viu algo que a fez congelar. O que você está fazendo?, perguntou Luke, assustado quando Hazel puxou delicadamente sua camisa.
Hazel apontou com o dedo, a voz carregada de emoção. Olha só. Você tem uma marca de nascença igualzinha à do Ashton.
Ashton se aproximou, observando atentamente. É verdade. Tenho uma marca de nascença exatamente igual, no mesmo lugar.
“Olha aqui”, disse ele, surpreso, também levantando a camisa. Hazel olhou para os dois, com os olhos brilhando de descrença. “Não pode ser coincidência.”
Vocês são irmãos gêmeos. Não há outra explicação. Os olhos de Luke se arregalaram em confusão.
Irmãos gêmeos? Do que vocês estão falando? Ashton respirou fundo e explicou. Hoje, antes da aula, estávamos conversando. Achávamos que a única explicação para sermos tão parecidos era isso.
E agora, com essa marca de nascença? Mas como? Como você pode ser meu irmão, Luke?, acrescentou Hazel. É estranho, porque a Sra. Penelope sempre dizia que só tinha um filho. Mas essa marca de nascença? É muita coincidência.
O menino de rua passou as mãos pelos cabelos, tentando processar tudo. Não pode ser. Nós só nos parecemos, só isso.
Todo mundo tem uma marca de nascença. Ele murmurou, quase inaudível. Seu coração batia descompassado.
A ideia de ter uma família, de não estar sozinho, era tentadora demais, mas também dolorosa. E se fosse apenas uma esperança vazia? Naquele momento, passos apressados ecoaram na calçada. Eles se viraram e viram Theodore, o motorista, parado ali, observando a cena com uma expressão chocada.
Ao ver um adulto, Luke instintivamente recuou, pronto para fugir. “Calma, Luke”, disse Ashton, agarrando seu braço. “Me solta.”
“Ele vai me levar para um abrigo”, gritou Luke, com medo evidente na voz. Hazel se aproximou e disse rapidamente: “Theodore está bem.”
Ele não fará nada com você. Ashton confirmou, tentando transmitir confiança. Nem todos os adultos são maus, Luke.
Confie em nós. Theodore, ainda processando a cena, aproximou-se lentamente e perguntou: O que está acontecendo aqui? Quem? Quem é esse garoto? Como? Como ele se parece tanto com sua amiga, Hazel? Ashton e Hazel se revezaram contando tudo a ele. O encontro, a semelhança, a descoberta da marca de nascença.
O motorista olhou para Luke e depois para Ashton, comparando cada detalhe, cada característica. Então disse: Seus gêmeos, não tenho dúvidas. Mas como isso é possível? Eu conheço a Sra. Penelope.
Ela sempre dizia que só tinha um filho. Antes que pudessem aprofundar a conversa, o estômago de Luke roncou alto, quebrando o clima tenso. O menino abaixou a cabeça, envergonhado.
Theodore sorriu compreensivamente. As respostas podem esperar. Vamos colocar algo nessa barriguinha primeiro.
Ele guiou todos de volta ao carro e dirigiu até um pequeno restaurante próximo. Comprou sanduíches e refrigerantes para todos. Quando receberam a comida, Luke comeu com uma veracidade que comoveu a todos.
A cada mordida, seus olhos brilhavam, como se ele estivesse redescobrindo o sabor da vida. Ashton e Hazel, com o coração pesado, observavam em silêncio, sentindo uma mistura de tristeza e esperança. Depois de comerem, sentados a uma mesa isolada, Hazel perguntou: E agora? O que fazemos? Ashton olhou para Luke e depois para Theodore.
Agora levamos o Luke até a minha mãe. Ela precisa vê-lo. Só ela pode confirmar se ele é ou não meu irmão gêmeo.
Luke engoliu em seco, o medo estampado no rosto. E se… E se me levarem para um abrigo? Você não sabe como é a vida lá. Ele perguntou, com a voz carregada de emoção.
Theodore inclinou-se para a frente e disse com firmeza: Confie em mim, garoto. A Sra. Penelope é uma mulher de bom coração. Ela jamais faria isso.
Luke olhou para Ashton, Hazel e Theodore. Havia sinceridade em seus olhos, uma sinceridade que ele não via há muito tempo. Com o coração acelerado, ele finalmente assentiu.
Tudo bem, eu vou com você. Theodore sorriu, aliviado. Então vamos.
Os quatro entraram no carro. Luke se encolheu um pouco no banco, acostumado à liberdade das ruas, mas ao mesmo tempo sentindo uma estranha sensação de segurança. Ashton sentou-se ao lado dele, oferecendo-lhe um sorriso reconfortante.
Hazel tagarelava sobre como tudo ia dar certo, como já imaginava todos se divertindo juntos na escola. Theodore ligou o motor e dirigiu em direção à mansão de Penelope. No caminho, o coração de todos disparava, cada um perdido em seus próprios pensamentos.
O que aconteceria quando chegassem? Como seria o encontro? Luke seria mesmo o irmão gêmeo de Ashton ou tudo não passaria de uma enorme e dolorosa coincidência? O vento soprava contra as janelas como se também quisesse acompanhar aquela história que marcaria para sempre a vida de todos. Enquanto isso, Penelope, após uma longa tarde passeando pela cidade com Michelle, finalmente chegou em casa. Suspirou aliviada enquanto caminhava pelo jardim da mansão e comentou, sorrindo: Você tinha razão, Michelle.
Eu realmente precisava desta tarde para tirar essas ideias malucas da cabeça. A falsa cunhada, com aquele sorriso cínico que dominava com perfeição, respondeu: Agora você precisa se concentrar em si mesma e no seu único filho, Ashton, o único que você carregou no ventre. Penélope concordou com um leve aceno de cabeça.
Falando nele, ele deve chegar em breve. Antes que pudesse terminar a frase, Michelle olhou pela janela da mansão e viu o carro de Theodore entrando na garagem. “Falando no meu sobrinho lindo, olha, ele está chegando”, disse ela, forçando um tom de entusiasmo.
Lá fora, Theodore estacionou o carro. Hazel virou-se para Ashton e deu-lhe as instruções finais. Vá, diga à sua mãe que você tem um novo amigo para apresentar.
Então traga-a aqui. Ashton assentiu, com o coração disparado. Dentro do carro, Luke tremia.
Hazel segurou a mão dele com firmeza. “Tudo vai ficar bem”, disse ela, sorrindo para confortá-lo. Ashton saiu correndo do carro.
Ele entrou em casa animado, passando por Michelle como se ela fosse invisível. Correu direto para a mãe e a abraçou com força. “Oi, meu amor”, disse Penélope, abraçando o filho.
Ela se afastou um pouco e perguntou: Cadê a Hazel? Ela não queria entrar? Ashton balançou a cabeça, animado. Ela está lá fora com um novo amigo. Você vai adorar conhecê-lo.
Penelope franziu a testa. Amiga nova? Antes que ela pudesse perguntar mais, Ashton agarrou sua mão e a puxou para fora. Vamos, mãe, você precisa ver.
Michelle, curiosa e com um estranho desconforto crescendo no peito, seguiu-os. Naquele exato momento, o carro de Afonso também entrou no jardim da mansão. Afonso saiu do carro com passos firmes, franzindo a testa diante da comoção.
Ele ainda estava ajeitando o paletó quando viu Hazel abrir a porta do carro e Luke sair. Ao ver o rapaz, Afonso congelou. Seu rosto empalideceu imediatamente.
Ele ficou imóvel, incapaz de esconder o choque. Ashton, cheio de entusiasmo, apontou para Luke e disse: Mãe, olha! Ele é igualzinho a mim. Michelle levou a mão à boca, completamente sem palavras.
Penelope, por sua vez, sentiu o coração disparar. Os olhos dele se fixaram em Luke. Sem dizer uma palavra, ela começou a caminhar em direção ao garoto.
Cada passo parecia pesar uma tonelada. Ela olhou fixamente para aquele rostinho sujo, para aqueles olhos azuis idênticos aos dela e de Ashton. Quando finalmente se aproximou, ajoelhou-se lentamente diante do menino.
Ela levou a mão trêmula ao rosto dele e, ao toque, seus olhos se encheram de lágrimas. Luke também sentiu os olhos lacrimejarem. Sem pensar, Penelope o abraçou com força contra o peito, sentindo os batimentos cardíacos leves e rápidos do menino.
Eu sabia, ela sussurrou. Sua voz embargou de emoção. Naquele instante, sua mente foi transportada doze anos atrás.
Grávida e recém-casada com Afonso, Penélope lembrava-se vividamente da sensação de carregar dois seres dentro de si. Passou a mão na barriga e disse: Querida, são dois. Tenho certeza.
O marido, com aquele sorriso ensaiado, respondeu: Amanhã descobriremos. Ela sorria, cheia de esperança. Amanhã é o ultrassom.
Mal posso esperar para ver nossos pequenos príncipes ou princesas. Conversaram por mais um tempo, e Penélope, cheia de sonhos, perguntou: Quando você vai me levar para conhecer sua empresa? Estamos casados agora, e você sempre inventa uma desculpa. Se você já não tivesse me levado em tantas viagens e a restaurantes tão caros, eu diria que você estava mentindo.
Ela riu, provocando, certa de que o marido era o homem mais verdadeiro que já conhecera. Afonso ignorou, afirmando: Em breve, meu amor. A vida é corrida, mas prometo que te mostro tudo.
Ela acreditou em cada palavra, sem suspeitar de nada. Deixou um beijo na bochecha do marido e foi trabalhar. Assim que Penélope saiu de casa, Afonso pegou as chaves do carro e seguiu em direção a um modesto apartamento, onde Michelle o esperava.
Ao entrar, ele andava de um lado para o outro, passando as mãos na cabeça. Estou ficando nervoso. E se ela descobrir tudo? Michelle, deitada no sofá, riu com desdém.
Ela vai descobrir, Afonso, mais cedo ou mais tarde. E nem duas crianças vão salvar o seu teatro. Desta vez você tentou fisgar um peixe grande demais.
Você até gastou todo o nosso dinheiro tentando impressionar a Penélope. Só quero ver o que faremos depois que ela te denunciar. Afonso parou e a encarou.
Não se eu encontrar um jeito primeiro. Sempre há um jeito. O cara era um vigarista nato.
Sua vida sempre foi baseada em golpes. Seu casamento com Penelope foi seu golpe mais ambicioso até então. Ele se apresentou como um grande empresário, usou dinheiro sujo de outros golpes menores para manter a fachada e, agora, com a pressão aumentando, precisava de um plano ainda mais audacioso.
E foi nesse cenário que a ideia mais perversa surgiu em sua mente. Vender um dos bebês. Se são dois, por que não vender um?, pensou em voz alta.
Se os filhos tivessem puxado à mãe, seriam loiros de olhos azuis, desejados por muitas famílias ricas, desesperadas por um herdeiro. Michelle sentou-se, assustada. Você perdeu o juízo? Está tentando colocar um preço no seu próprio filho, seu maníaco? Afonso, com um brilho frio nos olhos, respondeu.
Se for para manter esta vida e garantir o nosso futuro, é isso que precisa ser feito. Você sabe que eu nunca me importei com crianças, Michelle. Meu único amor é você.
Anos depois, no portão da mansão, Afonso assistiu à cena de Penélope abraçando Luke, sentindo a garganta apertar. Sabia que seu passado estava prestes a vir à tona. Penélope, ainda completamente emocionada, não conseguia parar de abraçar Luke.
Era como se, ao tocá-lo, ela pudesse finalmente preencher o vazio que carregava no coração há anos. A cada segundo, o vínculo invisível entre eles parecia se fortalecer, crescendo de uma forma que palavras não conseguiam descrever. Meu filho, meu filho, repetia ela, acariciando o rosto sujo de Luke, sentindo como se nunca mais quisesse deixá-lo ir, como se o medo de perdê-lo mais uma vez estivesse arraigado em sua alma.
Luke, com os olhos marejados de lágrimas, olhou para Penélope e perguntou, com a voz embargada pela emoção. Eu sou… eu sou mesmo seu filho? Antes que o milionário pudesse responder, Afonso correu até ele, visivelmente perturbado. O que você está fazendo, Penélope?, perguntou, tentando parecer calmo, mas a tensão em sua voz era palpável.
Ela se virou para ele, ainda ajoelhada ao lado de Luke, e disse: Afonso, olha só! Olha! Ele é nosso filho! É o bebê que eu sempre soube que existia dentro de mim! Olha como ele se parece com o Ashton! Ashton, animado, aproximou-se, ficando ao lado da mãe e de Luke. Os dois meninos, lado a lado, eram a cara um do outro, como se fossem reflexos. Afonso, com o rosto pálido, tentou manter a compostura.
Você está enganada, meu amor. Esse garoto não se parece com o Ashton. Eles são completamente diferentes.
Michelle, que observava tudo atentamente, quase gaguejando, apoiou Afonso. É isso mesmo. Penélope, você está vendo coisas.
Olhe mais de perto. São muito diferentes. Afonso insistiu.
Você só teve um filho. Eu vi o ultrassom. Lembro-me perfeitamente.
Um bebê. Só um. Michelle deu um passo à frente, tentando apelar à razão de Penelope.
Pense em tudo o que conversamos hoje, cunhada. Você mesma disse que estava se deixando levar por ideias absurdas. Esse menino não é seu filho.
Ele é apenas um garoto de rua qualquer, loiro como Ashton, mas nada mais. Afonso, percebendo que palavras gentis não estavam funcionando, tentou uma abordagem mais drástica. Deu um passo à frente, tentando arrancar Luke dos braços de Penelope.
Deixem esse menino. Ele não é nosso filho. Ele pertence à rua.
Ele é todo sujo. Como um pirralho desses pode ser nosso filho, Penélope? Mas Penélope abraçou Luke ainda mais forte, protegendo-o como uma leoa protegeria seu filhote. Não! Ela chorou, com lágrimas escorrendo pelo rosto.
Ele é meu filho. Não sei como, mas ele é. Sempre senti que faltava alguma coisa, e agora sei.
Ashton, com os olhos brilhando de emoção, aproximou-se e disse: Mãe, olha a marca de nascença. Temos a mesma marca de nascença. Somos exatamente iguais.
Penélope, ainda abraçada a Luke, olhou para a marca de nascença em sua barriga, sentindo uma mistura de felicidade e confusão. Mas como isso é possível?, perguntou-se, quase para si mesma. Afonso perdeu o controle novamente, sua voz saindo áspera.
Aquele garoto é imundo. Ele não é nosso filho. Foi então que Ashton, encorajado, se voltou contra o pai.
O senhor é imundo, senhor. Imundo por beijar a Michelle pelas costas da mamãe. Penelope ficou parada.
As palavras de Ashton ecoavam em sua mente. Ela olhou para Afonso, depois para Michelle, confusa, tentando entender. Como assim, Ashton? Do que você está falando, filho?, perguntou ela, com a voz quase embargada.
Afonso, enfurecido, apontou o dedo para o filho. Cala a boca, seu merdinha. Mostra algum respeito.
Eu sou seu pai. Mas Ashton não se intimidou. Com a voz firme, ele continuou.
Eu vi, mãe. Eu vi os dois se beijando. E aí o papai me ameaçou para nunca contar.
Foi por isso que comecei a me distanciar dele. Penélope levou a mão à boca, sentindo o mundo girar ao seu redor, como se o chão estivesse prestes a desaparecer sob seus pés. Michelle tentou intervir, com a voz trêmula.
Isso é absurdo. Sou irmã do Afonso. Mas Hazel, astuta, entrou na conversa sem hesitar.
Mentira. Ashton e eu fizemos uma pesquisa. Vocês nem têm o mesmo sobrenome.
Até tiramos uma foto dos seus documentos de identidade. Vocês se acham inteligentes, mas nós somos muito mais inteligentes. Os olhos de Penelope se arregalaram.
“Nunca vi a identidade dela”, murmurou ela, mais para si mesma do que para qualquer outra pessoa. Ashton se virou para Michelle e disse em tom de zombaria.
Mostre sua identidade e ligue para a casa da minha mãe como se fosse irmã do meu pai. Michelle ficou sem saída. Afonso tentou inventar alguma desculpa, mas Michelle, desesperada, explodiu, e sua voz alta ecoou pelas paredes da mansão.
Tudo bem, eu te conto tudo, ela gritou. Mas só se você me der uma boa quantia de dinheiro, Penelope.
Vou te contar tudo o que você precisa saber. Até quem é esse garoto que você está abraçando. Me dê algum dinheiro, e eu te conto tudo e desapareço.
Afonso virou-se para encará-la, lívido. Cala a boca, imbecil!, gritou Michelle, agora em pânico.
Você é o imbecil, Afonso. A culpa é toda sua. Se não tivesse tido a péssima ideia de vender o próprio filho, nada disso teria acontecido.
O silêncio caiu como uma bomba. Penélope ficou paralisada, sentindo o sangue gelar nas veias. Seu coração pareceu parar por um instante.
Vender o próprio filho?, repetiu ela, chocada, cada palavra pesando mais que a anterior. Afonso olhou para Michelle, depois para Penélope, com os olhos cheios de ódio, como um animal acuado. Penélope se levantou lentamente, ainda segurando Luke com um braço.
Ela caminhou em direção a Afonso, cada passo carregado de dor, raiva e uma decepção cortante. O que você fez, Afonso? Que história é essa de vender o nosso filho?, perguntou ela, com a voz embargada, sentindo como se todo o amor que um dia sentira por ele estivesse se desintegrando ali, diante da verdade cruel que estava sendo revelada. O homem, encurralado, sabia que não conseguiria esconder a verdade por muito mais tempo.
E naquele momento, a vida perfeita que ele fingia ter construído começou a ruir diante de seus olhos. Ele tentou negar, gaguejando, com palavras desconexas, mas naquele momento, Penélope queria apenas a verdade. Sem pensar duas vezes, ela arrancou do pescoço um colar de diamantes, que valia uma verdadeira fortuna, e o colocou nas mãos de Michelle.
Conte tudo, e se disser a verdade, ganhará muito mais, disse ela, com a voz firme, encarando Michelle nos olhos. Afonso, percebendo o que estava prestes a acontecer, tentou pular na falsa irmã para impedi-la de falar, mas Teodoro, alerta, foi mais rápido. Ele pulou em cima de Afonso, imobilizando-o à força.
Penélope olhou fixamente para Michelle e ordenou: “Diga a verdade, agora!” Michelle, tremendo entre a ganância e o medo, olhou para Afonso, que se debatia inutilmente sob o peso de Teodoro, e suspirou. “Perdoe-me, querido”, disse ela com falsa doçura. “Mas você sabe como eu amo diamantes.”
Então a cobra começou a revelar toda a trama sombria. Contou como Afonso a havia enganado desde o início, apresentando-se como um grande empresário. Depois, explicou como ele havia conspirado com um médico corrupto para mentir durante o ultrassom, dizendo que Penélope estava grávida de apenas um bebê.
Michelle revelou que ele a levou para dar à luz em um hospital envolvido em um esquema sujo de venda de bebês. Você estava drogada e, ao acordar, acreditava ter tido apenas um filho. Lágrimas escorriam livremente pelo rosto de Penelope.
A dor de saber que suas suspeitas, seus sonhos recorrentes, eram reais, a dilacerou. Como… como ele foi parar nas ruas?, perguntou ela, com a voz trêmula. Michelle baixou os olhos.
Logo após a venda, houve uma batida policial. O comprador, em pânico, abandonou Luke em uma caçamba de lixo para evitar ser preso. Pensamos que ele tinha morrido, mas o garoto parece ter se saído bem nas ruas.
Penélope sentiu o mundo desabar. Seu filho, seu pequeno, fora jogado fora como se fosse lixo. O dinheiro da venda, continuou Michelle, foi usado por Afonso para forjar uma empresa de fachada, enganando você e se infiltrando em seus negócios.
Naquele momento, a raiva consumiu Penélope. Ela se levantou e, com um grito de dor e fúria, investiu contra Afonso, desferindo tapas e socos. Seu monstro! Seu canalha! Você vai pagar por isso! Você vai para a cadeia! Ela gritou fora de si.
Theodore interveio, separando-os cuidadosamente. Michelle, vendo o caos, tentou negociar. Agora que contei tudo, quero mais joias.
Você prometeu. Vamos, cunhada. Que tal um colar de diamantes? Eu sei que você tem um lindo.
Ela exigiu, com ganância nos olhos. Penelope, com a respiração ofegante, tirou o celular do bolso e mostrou para todos. Está tudo gravado, sua cobra.
A confissão completa. Vocês dois vão para a cadeia. Não vão receber mais um centavo do meu dinheiro.
Nem mesmo esse colar que você está segurando. Michelle ficou furiosa. Você me enganou! Eu te contei tudo! Eu mereço! Penélope respondeu com frieza.
A única coisa que você merece é apodrecer na cadeia. Naquele momento, Michelle tentou fugir, correndo em direção à porta. Mas antes que pudesse dar dois passos, sirenes ecoaram no jardim.
A polícia havia chegado. Hazel, radiante, ergueu o celular e disse: Fui eu quem chamou a polícia. Os policiais entraram rapidamente, algemando Afonso e Michelle.
Ambos foram levados, ainda protestando inutilmente. Dias depois, durante o julgamento, foram condenados a muitos anos de prisão por todos os seus crimes. Penelope, com o coração em pedaços, mas determinada, fez um teste de DNA para formalizar a custódia de Luke.
Como esperado, o teste confirmou o que o coração de sua mãe já sabia: Luke era seu filho. Luke finalmente encontrou a família com a qual sempre sonhou.
Agora ele tinha uma mãe amorosa, um irmão, roupas limpas, comida quente e o carinho sincero de Hazel, a amiga mais inteligente que ele poderia desejar. Com o tempo, a dor deu lugar à esperança. Penélope reencontrou o amor, desta vez com Teodoro, o homem que sempre estivera ao seu lado nos piores momentos, mostrando que o verdadeiro amor não se baseia em aparências ou status, mas sim em verdade e transparência.
A nova família vivia feliz, superando todos os obstáculos com amor e coragem. E Penélope, mais do que nunca, provou ao mundo que o coração de uma mãe nunca erra, pois ela sempre soube que havia outro filho no mundo.
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