

Ele estava parado ao lado de um sedã preto, seu corpo minúsculo tremendo de soluços.
Olhei ao redor. Nenhum adulto o procurava. Ninguém o chamava pelo nome.
Ajoelhei-me ao lado dele. “E aí, onde estão seus pais?”
Seus soluços se intensificaram. “Quero voltar para dentro!”
“De volta para onde?” perguntei suavemente.
Ele apontou para o carro. “O filme! Quero voltar para o filme!”
Presumindo que ele se referia ao teatro no fim do quarteirão, verifiquei o carro. Trancado. Por dentro, vazio.
Peguei-o no colo e caminhei em direção ao teatro. “Quem te trouxe aqui?”, perguntei.
Parei. “Outro pai?”
Ele assentiu. “Aquele que não fala com a boca.”
Antes que eu pudesse responder, um segurança do shopping chegou.
Expliquei tudo. Vasculhamos o shopping — praça de alimentação, área de recreação, posto de segurança —, mas todos os pais balançaram a cabeça. “Não é meu.”
Depois verificamos as imagens do estacionamento.
Foi aí que as coisas ficaram estranhas.
Ninguém o acompanhou até lá. Ninguém o deixou.
Num segundo, o estacionamento estava vazio; no segundo seguinte, lá estava ele.
Earl, o guarda, semicerrou os olhos. “Olha… a sombra.”
Nós nos inclinamos. A sombra do menino não estava sozinha. Ela segurava outra mão.
Fiquei olhando, sem palavras. Earl repetiu a filmagem três vezes. Sempre a mesma coisa: um quadro vazio, o próximo quadro mostrava o menino descalço.
Mas sua sombra se estendeu para o lado, com os dedos curvados em torno de algo — ou alguém — que não conseguíamos ver.
perguntou ao menino seu nome. Parecia “Eli”. Ou “Elias”.
“Você sabe onde é sua casa?” perguntei.
Ele balançou a cabeça.
A polícia chegou. Eles assistiram às imagens e o interrogaram, mas ele permaneceu em silêncio.
Quando ele falou, foi sobre o “outro pai”. Levaram-no para o hospital e notificaram os serviços sociais. Deixei meu número, caso ele se lembrasse de alguma coisa.
Pensei que fosse o fim.
Duas noites depois, ouvi batidas na janela do meu quarto às 2 da manhã
Três batidas suaves.
Afastei a cortina — e lá estava ele. Eli. Parado descalço na grama. A mesma camisa amarela. Cabelo úmido de neblina ou suor.
Corri para fora. “Eli? Como você chegou aqui?”
Ele não respondeu. Apenas colocou um carrinho de brinquedo de metal na minha mão. Estava quentinho.
“Não gosto do hospital”, sussurrou ele. “Eles não me deixam falar com meu pai.”
“Qual deles?” perguntei.
“O quieto.”
Eu o levei para dentro e chamei a polícia novamente.
Eles ficaram atônitos — ele havia desaparecido do hospital horas antes. Imagens de segurança o mostraram dormindo na cama, e depois nada. A porta nunca se abriu.
Um policial me puxou de lado. “Você mencionou um ‘pai que não fala com a boca’?”
Anos atrás, cidade diferente, mesma coisa. Um garoto desapareceu, voltou dizendo isso. E desapareceu de novo.
Não consegui dormir depois disso. Fiquei pensando na sombra dele. Em como ele simplesmente… apareceu.
Pesquisei online — notícias, fóruns, qualquer coisa estranha. Encontrei uma publicação sobre uma garota que apareceu no estacionamento de uma livraria.
Ela disse que sua “mamãe silenciosa” a trouxe. Duas semanas depois, ela desapareceu de um lar temporário trancado.
Sempre o mesmo padrão: aparição estranha, menção de um pai silencioso e depois desaparecimento.
No dia seguinte, fui ao hospital. Pedi para falar com a assistente social e me ofereci para ser uma mãe adotiva. A equipe disse que repassaria o recado.
Quando saí, um zelador empurrando uma carroça olhou para mim. “Aquele menino não está perdido”, disse ele. “Ele está procurando.”
“Para quê?” perguntei.
Mas ele já tinha ido embora.
Três noites depois, ouvi uma risada alta ecoando pelo meu corredor.
Abri a porta do meu quarto lentamente. Eli estava sentado no chão, construindo uma torre de livros.
“Ele me trouxe de volta”, disse ele com um sorriso.
Ajoelhei-me ao lado dele. “O pai quieto?”
Ele assentiu. “Ele disse que você está segura. Como a moça antes.”
“Que senhora?”
“Aquela que canta para suas plantas.”
Fiquei paralisada. Aquela era minha tia Mary. Ela me criou, sempre cantarolando canções de ninar no jardim. Ela faleceu há anos.
“Não tem como você saber disso”, sussurrei.
“Ele me mostrou”, Eli disse simplesmente.
Não chamei a polícia dessa vez. Fiz panquecas.
Enquanto comíamos, eu disse a ele: “Não posso ficar com você, Eli.”
“Eu sei. Ele queria que você visse.”
“Ver o quê?”
“Nem todas as coisas perdidas são acidentes.”
Ele me entregou um desenho — bonecos palito sob um sol.
Um era eu. O outro era ele. O terceiro não tinha rosto, mas tinha braços longos.
Guardei aquele desenho na minha carteira.
Uma semana depois, Eli desapareceu novamente.
Num momento, ele estava brincando de buscar com o cachorro do meu vizinho, no outro — sumiu. Só restou o carrinho de brinquedo na varanda.
Mas não senti pânico dessa vez.
Eu sabia que ele não estava perdido.
Ele estava sendo movido — guiado. Parte de algo maior.
Comecei a trabalhar como voluntária em um abrigo, sempre me perguntando se o veria novamente.
Seis meses depois, uma menina chamada Sophie chegou — descalça, segurando uma chave e um girassol murcho.
Ela disse que seu “papai espelho” a abandonou na estrada.
Ela tinha os olhos do Eli.
Quando lhe mostrei o desenho, ela apontou para a figura sem rosto. “Ele cantarola como a geladeira.”
Agora, o quarto de hóspedes está sempre pronto. Eu mantenho frutas na mesa. Eu escuto.
Porque às vezes essas crianças não estão desaparecidas, elas estão sendo entregues
À segurança. À cura.
E talvez, só talvez, eu tenha sido escolhido para segurá-los por um tempo.
Então, se você vir uma criança chorando sozinha, não vá embora.
Alguém pode estar esperando por você.
E eles podem precisar de você – por mais uma noite
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