
O elegante restaurante Blue Crescent, no Upper East Side de Manhattan, fervilhava suavemente com o delicado tilintar dos talheres e o murmúrio da alta sociedade nova-iorquina.
Na mesa central estava o bilionário Richard Collins, com sua esposa impecavelmente vestida, Victoria. Durante anos, Richard personificou o poder: reverenciado no comércio, temido nas negociações e admirado na política.
Mas naquela noite… a imagem desmoronou.
Uma jovem garçonete aproximou-se da mesa deles com dois pratos. Ela não parecia ter mais de vinte anos. Vestia-se de forma simples, mas movia-se com elegância. Quando se inclinou para colocar o prato de Richard, ele ergueu os olhos… e congelou.
Algo nela… o olhar, a aura…
Ele já tinha visto aqueles olhos antes.
Quinze anos atrás.
Outro tempo. Outro lugar.
—“Senhor, o senhor está bem?” perguntou a garçonete gentilmente, percebendo sua repentina imobilidade.
Richard piscou, com a garganta apertada.
—Qual é o seu nome, criança?
A menina hesitou, assustada.
— “Lily, senhor.”
Victoria estreitou os olhos.
—“Richard, o que você está fazendo? Ela é apenas uma garçonete.”
Mas Richard não conseguia desviar o olhar. Seu pulso acelerou.
—“Lily… qual é o seu sobrenome?”
Ela parecia confusa.
—“Não tenho um, senhor. Cresci em lares adotivos. Disseram que fui abandonado quando bebê.”
A taça de vinho de Richard escorregou de sua mão e se estilhaçou no chão de azulejos. Todo o restaurante ficou em silêncio.
Vitória empalideceu.
Quinze anos antes, Richard fora informado de que sua filha recém-nascida havia falecido em um acidente doméstico. Ele se lembrava de ter chorado copiosamente sobre uma manta rosa bordada com a letra “R”. Victoria estava lá, insistindo que era o destino, uma cruel inevitabilidade.
Mas agora… aquela jovem estava diante dele, e sua alma gritou:
Ela é minha filha.
Sua voz falhou.
-“Quantos anos você tem?”
—“Quinze, senhor. Logo farei dezesseis”, sussurrou Lily.
O garfo de Victoria fez um barulho seco.
Richard levantou-se abruptamente.
—“Precisamos conversar. Agora.”
—“Senhor? Mas… eu estou de serviço”, gaguejou Lily.
—“É urgente.” Ele se virou para a gerente. “Eu cubro o turno dela inteiro, por favor.”
Victoria agarrou o braço dele.
—“Richard, você está se humilhando!”
Ele se libertou.
—“Apenas cinco minutos.”
O gerente, intrigado, concordou.
—“Lily, saia um instante.”
Sob a luz quente dos postes de rua de Manhattan, Richard se inclinou para perto o suficiente para encontrar o olhar de Lily.
—“Você guarda alguma coisa da sua infância? Uma marca, uma lembrança, um cobertor?”
Ela tocou o pescoço.
—“Eu tenho uma marca de nascença em forma de estrela. E minha família adotiva disse que me encontrou com um cobertor rosa com um ‘R’ estampado. Por que você está perguntando?”
O ar saiu dos pulmões de Richard.
A mesma manta. A mesma costura.
Ele sussurrou:
—“Você é minha filha…”
Lily recuou.
—“O quê? Isso não tem graça.”
—“Não estou brincando”, ele tremeu. “Quinze anos atrás, minha filhinha desapareceu. Pensei que ela tivesse morrido. Mas você… você é a imagem da mãe dela, minha primeira esposa.”
As mãos de Lily tremiam.
-“Eu não entendo…”
Victoria chegou, com a voz firme.
—“Richard, pare. Você está confundindo a garota.”
Ele girou, enfurecido.
—“Victoria… você sabia? Você me enganou todos esses anos?”
Seu rosto enrijeceu.
—“Você está imaginando coisas.”
—“Não! Você me disse que ela tinha ido embora. Mas agora eu sei… você me roubou ela.”
Seus lábios se afinaram como aço.
O tom de Richard endureceu.
—Responda-me. Você roubou minha filha?
Ela se endireitou.
—“Você estava muito ocupado com os negócios. Eu fiz o que achei certo para nós.”
— “Então você a abandonou?” Lily exclamou, boquiaberta.
— “Você não entenderia”, retrucou Victoria friamente. “Richard estava sempre viajando, construindo impérios. Ele não tinha tempo para um bebê. Ele nem percebeu quando…”
— “Chega!” Richard rugiu. “Eu lamentei a morte de uma criança que eu achava que estava morta! Você tem noção do que isso me causou?”
A voz de Victoria falhou.
—“Você teria escolhido ela em vez de mim! Eu não podia deixar isso acontecer.”
Lily cambaleou para trás, abalada.
—“Preciso ir embora…”
Richard entrou em contato.
—“Por favor, não. É repentino, mas eu sou seu pai. Eu sempre te amei.”
Ela olhou fixamente nos olhos dele.
—“Por que eu deveria confiar em você?”
Ele desenhou uma foto: dele segurando um recém-nascido enrolado em uma manta rosa com um “R”.
—“Esta foto foi tirada no seu primeiro dia. Você ainda tem o cobertor?”
Lily acenou levemente com a cabeça.
—“Sim… eu o guardei.”
Vitória empalideceu.
A voz de Richard suavizou.
—“Eu te perdi uma vez. Não vou te perder de novo.”
Os olhos de Lily se encheram de lágrimas.
—“Eu… preciso de tempo.”
Richard assentiu com a cabeça.
—“Leve tudo o que precisar. Mas deixe-me protegê-la. Se Victoria fez isso, ela é capaz de coisas piores.”
—“Você está envenenando-a contra mim!” gritou Victoria.
—“Você se condenou”, rosnou Richard.
Naquela noite, Richard contratou um investigador. Em quarenta e oito horas, a verdade veio à tona: papéis de adoção, subornos, documentos mostrando que Victoria colocou Lily no sistema sob outra identidade, escondendo-a.
Ao ser acusada, Victoria gritou:
—“Sim! Eu falei! Você só falava dela! Eu era sua esposa, me recusei a ficar em segundo plano em relação a uma criança!”
Richard tremia de fúria.
—“Você não apenas me traiu. Você destruiu a vida de uma garota.”
Lily soluçava por perto.
—“Pensei que ninguém se importasse… Meu pai estava vivo o tempo todo?”
Richard aproximou-se.
—“Eu te amei todos os dias. Achei que tinha te decepcionado. Mas a culpa não foi minha, foi dela.”
Vitória hesitou.
—“Podemos resolver isso…”
— “Saia”, ordenou Richard.
-“O que?”
—“Saia da minha casa. Meus advogados entrarão em contato com você.”
As semanas seguintes foram difíceis. Lily teve dificuldades para se adaptar. Ela não estava acostumada com guardas, motoristas ou roupa de cama de seda.
Certa noite, Richard a encontrou encarando um prato intocado.
— “Quer algo diferente?”, perguntou ele gentilmente.
Ela balançou a cabeça negativamente.
—“Não é a refeição. Eu simplesmente… não me sinto parte daqui.”
Richard sentou-se ao lado dela.
—“Esta casa não nos prende. Você sim. Eu te amo, minha filha.”
Seus olhos suavizaram.
-“Realmente?”
Ele assentiu com a cabeça.
—“Perdi quinze anos. Deixe-me passar o resto da minha vida tentando reparar isso… se você permitir.”
Aos poucos, Lily abriu seu coração. Ela voltou a estudar usando o nome Collins. Richard comparecia a todas as reuniões, recitais e eventos escolares.
Entretanto, Victoria enfrentou acusações de fraude, sequestro e colocar uma criança em perigo.
No julgamento, Richard segurou a mão de Lily.
—“Você não precisa encará-la”, ele sussurrou.
—“Eu não me importo com ela”, disse Lily. “Eu só quero você.”
Mais tarde, na varanda da mansão, Lily perguntou baixinho:
—“Pai… posso te chamar assim?”
Os olhos de Richard brilhavam.
—“Por favor. Esperei quinze anos para ouvir isso.”
E naquele instante, Richard Collins sentiu-se inteiro novamente.
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